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Agência EFE March 18, 2006

Americanos condenam guerra, mas pacifismo vive tempos de apatia

O movimento pacifista dos Estados Unidos, liderado pela ativista Cindy Sheehan, não tem conseguido mobilizar a apática opinião pública, que resiste a sair às ruas apesar de se mostrar cada vez mais crítica em relação à Guerra do Iraque.

Mais da metade dos americanos diz agora que a invasão do país árabe foi um erro, e quase quatro de cada cinco, entre eles 70% dos republicanos, acham que a guerra civil no Iraque é inevitável.

Mas essa rejeição não tem se materializado em mostras coletivas de protesto, como ocorreu durante a Guerra do Vietnã, algo que vários analistas atribuem aos novos tempos e à incapacidade do movimento pacifista de encontrar uma mensagem coerente e aglutinadora.

"O que era diferente nos anos 60, quando os EUA se envolveram no Vietnã, é que existia um grande ativismo", disse à EFE John Pike, analista em questões militares do site GlobalSecurity.org, que lembra que aqueles foram os anos da luta pelos direitos civis, do feminismo e dos "hippies".

"Ninguém está se mexendo agora", afirma.

A existência do serviço militar obrigatório em situações de guerra durante o conflito do Vietnã também fez com que a sensibilidade das pessoas fosse maior, diante da chance de serem chamadas a qualquer momento a combater.

A isso se soma o fato de figuras como Cindy Sheehan, a "mãe pacifista" e atual cabeça visível do movimento antibelicista nos EUA, também não conseguirem "mobilizar as massas", e isso apesar de ganharem cada vez mais espaço dentro e fora das fronteiras americanas.

A influente colunista Maureen Dowd, do jornal "The New York Times", afirma que a autoridade moral de Sheehan sobre a guerra é "absoluta", mas outros, como o articulista conservador Charles Krauthammer, a tacham de radical e dizem que ela usa argumentos que não surtem efeito nos EUA, como o de que o presidente George W. Bush é "o principal terrorista mundial".

Não falta quem lembre que as grandes manifestações contra a Guerra do Iraque aconteceram logo antes da invasão, em vez de anos depois do começo do conflito, como no caso da Guerra do Vietnã.

Os protestos globais de fevereiro de 2003 contra a iminente intervenção americana, que acabou começando um mês depois, e que estão no "Livro Guinness dos Recordes" como as maiores da história da humanidade, levaram o jornalista Patrick Tyler, do "New York Times", a falar da existência de duas superpotências: os Estados Unidos e a opinião pública mundial.

A segunda das "superpotências" não conseguiu evitar a guerra, que chega neste domingo a seu terceiro aniversário, mas vários analistas dizem agora que a opinião pública americana pode acabar forçando uma saída do Iraque.

"Se o risco de guerra civil acabar se materializando, haverá uma pressão crescente por parte da opinião pública pela retirada do Iraque", disse à EFE Edwin Moise, professor de história da Universidade Clemson, na Carolina do Sul, e analista no movimento pacifista do Vietnã.

Michael O'Hanlon, da Brookings Institution, centro de estudos com sede em Washington, assinala ainda que existe um caldo de cultivo para que a mensagem das organizações antibelicistas ganhe força.

"Os americanos perderam a confiança no presidente George W. Bush e, além disso, gostariam que os EUA não estivessem no Iraque", disse à EFE O'Hanlon, que, entretanto, considera que, ao contrário do que afirma Sheehan, esta "não é uma guerra imoral nem ilegal".

"Os Estados Unidos ajudaram o Iraque a se livrar de um dos piores assassinos do século XX", afirmou o analista, em alusão a Saddam Hussein.

Esses argumentos não convencem Sheehan nem os integrantes das organizações Unidos pela Paz e a Justiça e A.N.S.W.E.R, grupo antibelicista de esquerda.

Essas organizações se preparam para uma nova campanha para marcar o terceiro aniversário do conflito no Iraque, e estão convencidas de que sua mensagem contribuiu para a crescente rejeição dos americanos à guerra.


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